Inflação desvia recursos dos salários para os especuladores

A inflação medida pelo INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, rompeu a marca de dois dígitos e atingiu 10,4%. Fato é que o gás de cozinha aumentou 30%, a gasolina 73% e a carne 40%

Foto: HP

 

Delfin Neto, pretérito ex-ministro da ditadura, em entrevista na GloboNews, no dia 26, declarou que para sair da crise atual é preciso “segurar os salários”. Na última pesquisa do IBGE, a renda do brasileiro caiu 10,2%.  

 

A FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, divulgou no dia 22 que dois terços dos reajustes salariais dos trabalhadores com carteira assinada, no mês de setembro, foram abaixo da inflação. O Dieese, Departamento Intersindical de Estudos Econômicos, informou que desde janeiro a metade dos reajustes foi abaixo da inflação.

 

A inflação medida pelo INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, rompeu a marca de dois dígitos e atingiu 10,4%. Fato é que o gás de cozinha aumentou 30%, a gasolina 73%, a carne 40% etc.

 

A alta generalizada foi provocada pela política do governo Bolsonaro, que estabeleceu a paridade dos preços dos combustíveis, dos minérios e dos alimentos aos preços internacionais, atrelados ao dólar, muito acima do custo de produção.

 

Situação “sui generis”, ou “o pior dos mundos”. É essa combinação dantesca da recessão econômica, provocada por uma queda vertiginosa do poder de compra dos trabalhadores, com a inflação, que surrupia mais outro tanto do salário, que é transferido para os especuladores e exportadores. É a estagflação, resultado da paralisia econômica desde 2014.

 

Há mais de 40 anos, em 1973, o índice de inflação foi falsificado de 34% para 12%, visando arrochar mais ainda os salários. Denunciado pelo DIEESE, em 1977, a descoberta do roubo, promovida por Delfin Neto, provocou uma onda de greves em centenas de fábricas, que ocorreram de forma espontânea e incontrolável, por fora da estrutura sindical, durante os anos de 78/79. A revolta desembocou na greve de São Bernardo, em 1980 e na greve geral em julho de 1983, que mudaram os destinos do país.

 

Nos dias de hoje, os caminhoneiros organizam uma greve em todo país, porque se sentem traídos pelo Bolsonaro. O diesel, que é 60% do custo do frete, subiu de 50 a 60% e, ainda por cima, o governo não cumpriu a promessa de estabelecer um piso mínimo de frete que cubra pelo menos os custos da viagem, pagamento das prestações do caminhão, manutenção etc.

 

Portanto, a luta dos trabalhadores contra esse assalto é mais que provável, é inevitável.

 

CARLOS PEREIRA

 

Fonte: Hora do Povo

Jornal

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